sexta-feira, 29 de julho de 2011

A juventude quer gritar: CHEGA DE SUFOCO!


Natália Guerra

Você se levanta cedo, o sol vai entrando pela janela, até tomar todo o seu quarto com aquela claridade que incomoda avisando que mais um dia começou. Você levanta, toma um banho, come algo rápido que dê para aguentar até a hora do almoço e sai para o trabalho.

Chega na parada e lá está aquele absurdo de gente que vai pegar o mesmo ônibus que você! Mas aí você pensa: “bom, pelo menos eu não tenho que ir para o terminal enfrentar aquele caos. Vou ficar espremido aqui só alguns minutos”. No fim do dia, a volta para a casa angustia só de imaginar a mesma cena caótica que foi enfrentar durante a manhã aquele horário de pico em que milhares de estudantes e trabalhadores estão saindo para suas obrigações.

Nesse momento parece que tudo incomoda, tudo está ruim, mas tem um jeito: esperar. Esperar que as 18 horas passem para conseguir pegar um ônibus em que dê para chegar em casa podendo respirar com os dois pulmões. Esperar uma hora. É mais uma hora do dia que vai ser perdida e mais uma vez porque o transporte público não funciona. Aliás, o transporte, a saúde, a educação...

Mas a culpa é do bombeiro, que sai para uma operação e não consegue apagar o fogo direito; do professor, que é preguiçoso e não quer dar aula; dos médicos, que nunca chegam no horário para atender os pacientes nos hospitais; dos operários, que demoram uma eternidade para concluir uma obra; e principalmente dos motoristas de ônibus, que levam muito tempo para chegar no ponto de ônibus. Por isso só tem ônibus entupido de gente, por isso você só chega atrasado ao emprego e à faculdade.

E é isso mesmo que o capitalismo quer e faz com que você pense: que nada que é público presta e que a culpa é toda e somente do trabalhador. O trabalhador que tem uma carga horária de 8 horas e ganha um salário mínimo. O trabalhador que hoje, quando faz greve porque não aguenta mais as condições que estão postas, é vagabundo.

Será mesmo que um trabalhador que passa quase um dia inteiro trabalhando, que ganha uma miséria para sustentar uma família e quase não tem lazer é mesmo um vagabundo? Enquanto esse vagabundo degrada cada vez mais sua saúde pela exploração do trabalho imposta pelo patrão, este por sua vez ganha pelo menos 20 vezes mais que ele, sem fazer nada, apenas porque detêm os meios de produção do trabalho.

Os rodoviários não produzem produtos que vão dar lucros diretos, como o operário que constroi um prédio ou produz um produto em uma fábrica, mas ele transporta esse trabalhador e com isso distribui os trabalhadores na sociedade. O rodoviário é quem acorda antes do trabalhador para distribuir a produção (levar o operário, o prefessor, o estudante), e por isso é extremamente explorado.

Com um reajuste de apenas 6,3% proposto pelo Sindionibus, unanima e enfurecidamente a categoria decreta greve. E o lugar da juventude é ao lado desses trabalhadores, lutando todos os dias contra a exploração e opressão dos patrões e fazendo a sociedade entender que os trabalhadores são os aliados e os tubarões que devoram toda força de trabalhado que aparece em sua frente. São os verdadeiros inimigos, junto com esse governo que os apoia e isenta de diversas taxas, sem garantir nenhum aumento para a categoria, nem melhorias no transporte público, em um estado onde pagamos a passagem mais cara do país.

O papel da juventude, dos estudantes e da ANEL é pautar, agregar na luta, se indignar junto com a classe trabalhadora, ir de encontro - nas ruas, nas universidades, na cara dos patrões, gritar: CHEGA DE SUFOCO!

Estado de greve:

- Decretada em 28 de julho de 2011;
- Previsão para começar: terça-feira, 2 de agosto;
- Apenas 30% dos ônibus circularão nesse período.

Principais reivindicações:

- Reajuste de 9,9%;
- Cesta básica de R$ 65,00;
- Vale alimentação de R$ 7,00.

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