quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"E daí? Eu, também, sou travesti!"




Nos últimos meses vivemos um momento de efervescência contra toda forma de opressão. Tem articulações de mulheres, negros e gays por todo o planeta buscando dar um “basta” no preconceito.

Certamente um dos momentos mais marcantes que já vivi se deu no I Congresso da ANEL, quando, depois de um grandioso debate sobre preconceito, a UFRRJ teve seus alicerces estremecidos por uma mini multidão que gritava sincronicamente “E daí? Eu, também sou travesti!”. Aquilo não era uma simples palavra de ordem, não era só um movimento e não era só entre os Gays. Era bem maior!

Aquele momento me fez ter um turbilhão de reflexões sobre a temática e um dos principais questionamentos que levantei foi, até quando aceitaremos uma sociedade regada pelo machismo, racismo e patriarcalismo?

Em meados de 1969, nascia para o mundo o movimento contra a opressão homofóbica. 

Nesse ano, homossexuais que frequentavam o bar de Stonewall, cansados da repressão que sofriam nas constantes batidas policiais, tomaram as ruas de Nova York durante quatro dias como forma de resistência à violência. Um ano depois, voltaram às ruas mais de dez mil homossexuais para reafirmarem a luta contra o preconceito e demonstrar a capacidade de organização pela luta por direitos, além, da comemoração pelo aniversário da revolução de Stonewall. Era um movimento de luta.

Cresce a necessidade de resgatarmos o espirito combativo injetado na revolução de Stonewall, politizando as massas e as paradas Gays para podermos novamente organizar a classe LGBT e fortalecer a luta. Dados comprovam essa necessidade. A cada trinta e seis horas morre um homossexual no Brasil. Os números de homofobia são escandalosos e a omissão do governo é gritante.

A PL122 (Projeto de Lei que criminaliza a Homofobia) representa hoje uma ação de vanguarda para garantir o direito de ser livre para exercício da sexualidade. Movimentos contrários à aprovação do projeto são verdadeiras ofensivas fascistas que buscam garantir a exterminação do “diferente”.

Precisamos combater à violência fascista, exigindo liberdade, igualdade e o livre e seguro exercício da sexualidade.

Precisamos retomar a lição que Stonewall nos deixou há mais de quarenta anos atrás.
*Diego é estudante de Letras da UFC e compôe a Executiva Estadual da Anel-CE

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