segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A ANEL apoia a greve dos rodoviarios de Fortaleza!

Os grandes meios de comunicação do Ceará, infelizmente, espalham a desinformação entre a população, tentando manipular a opinião pública para colocar os trabalhadores que são usuários do (péssimo) sistema de transporte coletivo da cidade contra os seus irmãos de classe, os trabalhadores rodoviários, que estão apenas lutando pelos seus direitos.

Abaixo segue uma lista de perguntas e respostas que você sempre quis fazer sobre a greve dos ônibus, e a imprensa manipuladora nunca responde de forma honesta e verdadeira.

1. - Por que os motoristas e cobradores estão entrando em greve DE NOVO agora em agosto? Ver resposta

Porque a greve que aconteceu no final de junho não resolveu nada, os patrões continuam intransigentes, e a Justiça não fez nada para resolver a questão.

Os patrões (Sindiônibus - sindicato dos empresários de ônibus) continuam de forma intransigente oferecendo apenas 5% de aumento para os trabalhadores rodoviários. Já o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), teve todo o mês de julho para julgar o dissídio coletivo e não julgou.

O parecer do Ministério Público recomendou o percentual de 8,5% de reajuste salarial. A Justiça (TRT) poderia ter julgado o dissídio, estabelecendo este percentual de reajuste. Os trabalhadores rodoviários (motoristas, cobradores e fiscais de linha) certamente aceitariam esse percentual, se tivesse sido decidido no dissídio judicial. Não era o percentual que a categoria desejava, em virtude das perdas salariais passadas (ver pergunta nº 2), mas já seria um aumento em um patamar minimamente aceitável, que serviria para mostrar que a luta e a garra da categoria valeram a pena.

E porque então o TRT teve todo o mês de julho para julgar esse dissídio, e não julgou? Infelizmente, a Justiça no Brasil está atrelada aos interesses ds ricos e poderosos, e faz o jogo dos patrões. Os empresários (Sindiônibus) não aceitam de forma alguma dar aumento de 8,5% e estão intransigentes em sua proposta miserável de 5%. E infelizmente, a Justiça parece que não tem coragem de peitar os empresários e estabelecer um reajuste minimamente justo para uma categoria tão explorada quanto a dos motoristas e cobradores.


2. - Por que os motoristas e cobradores começaram a Campanha Salarial pedindo 45% de aumento?

Os trabalhadores rodoviários (motoristas, cobradores e fiscais de linha) reivindicaram esse percentual de reajuste em virtude das perdas salariais acumuladas ao longo de mais de 10 anos.

Durante muitos anos, o sindicato dos motoristas e cobradores, o SINTRO (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários), foi dirigido por uma diretoria corrupta e vendida para os patrões. Era uma verdadeira máfia que controlava o sindicato, que não dava ouvidos à vontade da categoria, fazia a vontade dos patrões, e ameaçava quem se opusesse às suas maracutaias.

O resultado foi que durante todos esses anos, a categoria "ficou na pêia", como se diz no popular. Praticamente não houve nenhuma greve, já que o sindicato dos trabalhadores era traidor e vendido para os patrões, e sempre os reajustes salariais eram ridículos, às vezes nem sequer cobrindo a inflação. O resultado foi uma redução brutal no poder de compra do salário de motoristas e cobradores. Os motoristas, por exemplo, que há 10 anos atrás ganhavam o equivalente a cinco salários mínimos, hoje ganham pouco mais de dois salários mínimos. Os cobradores ganham menos ainda.

Acontece que no começo de 2010, a categoria dos Rodoviários finalmente conseguiu se livrar da máfia de traidores corruptos e vendidos que controlavam o seu sindicato. Em uma eleição sindical muito tumultuada pelos antigos diretores, tendo sido necessária a intervenção da Justiça para impedir as fraudes, a categoria disse um BASTA e botou os mafiosos traidores para fora do sindicato, mesmo com os patrões fazendo de tudo para pressionar a categoria a votar na chapa da situação. Venceu a chapa da Oposição, que estabeleceu uma nova diretoria para o sindicato da categoria, bem diferente da anterior. O SINTRO agora tem uma diretoria comprometida com a luta dos trabalhadores, que não se vende para os patrões, e não dá mole para o Sindiônibus.

O percentual de 45% é portanto uma tentativa da categoria de começar a repor as enormes perdas salariais acumuladas durante os anos em que o sindicato esteve nas mãos dos mafiosos traidores e vendidos. Os patrões (Sindiônibus), que estavam mal-acostumados com a diretoria anterior do SINTRO, que podiam corromper à vontade, agora estão revoltados e intransigentes, e não querem pagar pela defasagem salarial que conseguiram impor durante os últimos 10 anos através de métodos escusos.

3. - Por que os motoristas e cobradores não deixam todo mundo entrar de graça nos ônibus?

Não é tão simples assim.

Na verdade, os motoristas e cobradores chegaram a tentar fazer isso durante a greve de junho. Em uma quinta-feira a noite, durante a última greve, as catracas chegaram a ser liberadas nos ônibus que circulavam pelo Centro da cidade, por orientação do sindicato. O resultado foi uma resposta furiosa por parte dos patrões (Sindiônibus), que no dia seguinte estavam bufando e esbravejando na imprensa dizendo que iam demitir todo mundo por justa causa se continuassem a liberar as catracas. Isso só mostra a enorme ganância dos empresários, que não estão dispostos de forma alguma a perder um centavo sequer da sua arrecadação.

O pior, é que, legalmente, as ameaças dos empresários tinham algum fundamento. De fato, se os trabalhadores rodoviários colocarem os ônibus para rodar, e não cobrarem passagem, os patrões podem identificar quem está fazendo isso e demitir por justa causa (ou seja, sem pagar os direitos trabalhistas, FGTS, etc.), e se os trabalhadores demitidos recorrerem à Justiça, correm grande risco de perder, e a Justiça confirmar a demissão.

Aliás, própria Justiça é quem deveria determinar que, durante o período da greve, fosse cobrada apenas uma passagem de valor simbólico, digamos, de 20 centavos. Dessa forma seria possível cumprir o objetivo de toda greve, que é exatamente não dar nenhum lucro aos patrões enquanto durar o movimento grevista, ao mesmo tempo em que a população não seria prejudicada, pois teria ônibus a sua disposição. Infelizmente a Justiça não tem coragem de decretar uma determinação desse tipo, pois está atrelada aos interesses dos patrões.

Mas mesmo com as ameaças dos patrões, não está descartada a possibilidade dos motoristas e cobradores, nesta nova greve de agosto, virem a fazer novamente operações relâmpago de "Catraca Zero" em alguns dias e horários.


4. - Por que não fazem greve sem "prejudicar a população"?

Toda greve prejudica alguém.

O direito de greve é um direito de todos os trabalhadores, garantido na Constituição Federal de 1988. Os trabalhadores muitas vezes precisam fazer greve para reivindicar os seus direitos. O objetivo de toda greve é prejudicar apenas os patrões, para que os patrões deixem de lado suas posturas intransigentes e resolvam ceder as reivindicações dos trabalhadores.

Porém, infelizmente, nem sempre é possível prejudicar apenas os patrões. Toda greve, de uma forma ou de outra, acaba por "prejudicar a população" de alguma maneira. Não apenas as greves de professores, de enfermeiros, de motoristas de ônibus, mas a greve de qualquer categoria, vai prejudicar, momentâneamente, algum setor da população. Imagine que os trabalhadores do comércio (comerciários) entrem em greve. De uma forma ou de outra a população vai se sentir prejudicada, por encontrar lojas fechadas, e até mesmo supermercados. Imagine que os trabalhadores das indústrias que fabricam sapatos e outros calçados entrem em uma greve geral. Dentro de algumas semanas, iria faltar calçados para vender nas sapatarias. Algumas pessoas iriam se sentir prejudicadas por não encontrarem um sapato sequer para comprar. Imagine que os trabalhadores das empresas que fazem manutenção de elevadores entrassem em greve. Certamente que muita gente iria se sentir prejudicada se tivesse que usar as escadas em razão dos elevadores estarem "no prego" e os trabalhadores que fazem manutenção não poderem consertar por estarem em greve.

Obviamente, não se pode querer então que nenhuma categoria mais faça greve, em virtude de outras pessoas serem prejudicadas. Não se pode querer proibir as greves. As greves eram proibidas no tempo da ditadura militar, quando os trabalhadores não podiam reivindicar seus direitos sem levar lenha nos couros. Foi uma grande conquista democrática o fato da Constituição Federal de 1988 garantir o direito de greve.

Certamente, se existisse uma forma dos motoristas e cobradores fazerem greve sem prejudicar os usuários, essa forma seria tentada, afinal os motoristas e cobradores não são ricos, eles fazem parte do povo, e possuem muitos parentes, amigos e vizinhos que também andam de ônibus. (Sobre a proposta que algumas pessoas fazem de "liberar as catracas para os passageiros entrarem de graça", consulte a pergunta nº 3).

Enquanto durar a greve, a solução para os usuários se locomoverem na cidade é utilizar o transporte alternativo (Topic's) cuja passagem tem o mesmo preço dos ônibus.

5. - Os motoristas fazem vandalismo?

Não fazem. Isso é mentira da grande mídia, da imprensa a serviço dos empresários, dos patrões.

Quando algum ônibus é apedrejado, a imprensa tenta dar a entender que foram os motoristas e cobradores que fizeram isso, para jogar a população contra a greve. Fazem esse tipo de insinuação sem nenhuma prova, quando na verdade, quando algum ônibus é apedrejado geralmente se trata de pessoas que não tem absolutamente nenhuma relação com o movimento grevista.

Outro exemplo de manipulação ridícula feita pela imprensa é quando dizem, na cara de pau, que os grevistas estão "furando os pneus dos ônibus". Trata-se de uma mentira absurda com o objetivo de manipular a opinião pública. Na realidade, os grevistas resolvem as vezes esvaziar os pneus dos coletivos, para impedir a ação dos "fura-greve" (motoristas "baba-ovo" que querem desrespeitar a decisão tirada em assembléia de se fazer greve). Porém, esse esvaziamento nunca é feito furando ou rasgando os pneus, e sim através da válvula ("pito"), sem danificar o pneu. Basta conseguir uma bomba de ar e encher o pneu novamente que ele estará novamente pronto para rodar.


6. - Por que devemos apoiar a greve dos motoristas e cobradores?

Porque uma vitória dos motoristas e cobradores seria uma vitória de toda a classe trabalhadora cearense.

Os patrões cearenses são muito mal acostumados. Acham que podem pisar nos trabalhadores e nos tratar como escravos. Não é a toa que no Ceará se pagam salários bem mais baixos do que a média nacional. Todas as categorias de trabalhadores cearenses precisam tomar a greve dos motoristas e cobradores como um exemplo, e se organizar para lutar também pelos seus direitos. Devemos apoiar a greve dos nossos irmãos de classe, os trabalhadores rodoviários, pois uma vitória na greve deles irá fortalecer a luta de todos os trabalhadores cearenses. Servirá para mostrar aos patrões cearenses que o tempo da escravidão e dos coronéis já acabou, e que a classe trabalhadora cearense não está mais disposta a baixar a cabeça e aguentar os abusos e os baixos salários.

É por essa razão que vários sindicatos de outras categorias, como o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Confecção, estão apoiando o SINTRO e os trabalhadores rodoviários nesta greve. Uma vitória dos rodoviários é uma vitória de todos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Proposta de Nota Sobre Restaurante Universitário para modificar ou incluir algo.

RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO, o começo de uma conquista, mas que ainda está longe de ser completa!

Há anos que o M.E. da URCA vem lutando por um ensino de qualidade, para isso são necessários os requisitos básicos: BANDEJÕES, BOLSAS e MORADIAS. Desde a greve dos professores em 2007 uma das principais bandeiras levantadas pelo M.E é a construção do Restaurante Universitário, este que se concretizou no dia 9 de julho de 2010, no qual foi inaugurado.

Esta é uma grande vitória do M.E. e da ANE-L, mas uma vitória parcial, pois conquistamos o direito ao prédio, a 1200 refeições diárias, para alunos, professores e funcionários desta IES. Porém com menos de um mês de funcionamento o R.U. já vem demonstrando algumas preocupações.

Dentre elas a primeira que viemos ressaltar é a OBRIGATORIEDADE da carteirinha de estudante da universidade, que tem um custo de R$ 7,00. Quer dizer que para provarmos que somos estudantes desta IEs temos que pagar? Não devemos pagar para ter um cadastro e ter direito a usufruir de algo que é nosso, conquistado após anos de luta, a universidade deve por obrigação oferecer um cartão de identificação individual para o aluno ou outra forma de acesso ao restaurante, mas que seja gratuito.

Diariamente são oferecidas 1200 refeições, mas estas de acordo com depoimentos dos próprios alunos tem pouca quantidade de alimento, o bandejão é na verdade uma bandejinha que não supre a necessidade física para manter um aluno satisfeito e apto para desenvolver suas atividades.

Além do preço que nos foi IMPOSTO de 0,80 centavos, por que digo IMPOSTO? Durante o período de negociações com a reitoria para a construção e efetivação do R.U. a Pró-reitora de Administração Cileide nos garantiu que o preço do bandejão seria de 0,49 centavos, uma quantia razoável, mas temos de lutar pela gratuidade do bandejão.

Outra questão que devemos analisar, para atingir a qual público o R.U. foi efetivado? Se foi para beneficiar todos os alunos desta IEs devemos rever o horário de funcionamento do mesmo, pois sabemos que as aulas da URCA são previstas para acabar 11:00 da manhã, porém acaba por volta de 10:30, horário este que deveria ser o de início de funcionamento do mesmo, das 10:30 às 12:30 e pela noite das 18:00 às 21:00 horas, pois sabemos que temos muitos estudantes que vem de fora e muitas vezes por questão de tempo, melhor dizendo da falta dele esses alunos não tem condições de se alimentar direito. Por isso o horário de bandejão deve favorecer a todos os estudantes desta IEs.

No horário de meio-dia o sol é bastante prejudicial a saúde, mas essa não foi uma análise feita pela IEs, já que os estudantes, professores e funcionários enfrentam fila para almoçar no R.U., contudo eles tem de ficar no sol até que chegue a sua vez, pois não existe uma estrutura apropriada para suportar as filas.

Para finalizar as questões devemos ressaltar a falta de instrução de acesso ao R.U. no interior da universidade, pois deveria ter um pequeno mapa de acesso no interior da universidade, já que boa parte dos estudantes nem ao menos sabe onde vem a ser os laboratórios da URCA, ou o seu estacionamento.

Não podemos deixar de reconhecer que a construção e efetivação do Restaurante Universitário foi uma grande conquista do MOVIMENTO ESTUDANTIL COMBATENTE E DA ANEL, porém ela é só o começo de uma grande Luta que ainda temos de enfrentar, por um ENSINO DE QUALIDADE JÁ!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Situação que se encontra a Casa Do Estudante do Crato! Interditada.

Essas imagens mostram todo o descaso da Universidade Regional do Cariri, da prefetitura do Crato e do Governo do Estado amparado pelo Governo Federal com a educação, todos esses orgãos citados fecharam os olhos para os alunos da Casa do Estudante do Crato, que ela conseguiu chegar a essa situação de abandono e a justica federal determinando a desocupação do local por falta de segurança!

Nos da ANEL perguntamos agora o que fazer? o que os orgãos publicos pretendem fazer? e onde vão locar os estudantes até uma possivel construção de uma nova casa!?

Deixamos aqui todo apoio aos moradores da Casa do estudante e chamamos para juntar-se a nos, para lutarmos pela uma educação publica e de qualidade. E vemos claramente a quem serve, o governo, a prefeitura, a Universidade e a Justiça, e o que podemos ver que eles de maneira alguma se preocupa com educação e bem estar da Juventude do BRASIL.

Pela a construção da casa do estudante Imediata Já

Aluguel de um imovel para os estudantes prejudicados com a interdição já!

Será se essa é a educação que queremos???!

domingo, 8 de agosto de 2010

Convidamos a Todos os Estudantes que Constroem a ANELAssembléia Nacional dos Estudantes Livres, e demais estudantes e Centros Acadêmicos que queiram conhecer esta ferramenta de Luta Estudantil para a realização de uma reunião Regional. Com a Seguinte Proposta de Pauta:

· Casa do Estudante (situação como se encontra os estudantes, o que iremos fazer)

· RU – (Preços, Horários, Taxa de Carteirinha Universitária)

· Horário de Saída dos Transportes Universitários

· Organização da Conferencia de Cultura

Horário: 19:30

Local: Pátio da Pedagogia URCA – Crato

Data: 11/08/2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010


Manifesto Estudantil pela imediata retirada das tropas da ONU do Haiti

POVO HAITIANO: ESTAMOS COM VOCÊS!


No início do ano o mundo se deparou com o grande terremoto que devastou o Haiti. Porém, o desastre natural mostrou que caos social que vive o povo haitiano não tinha origem no desastre natural. O Haiti é um dos países mais pobres do mundo e há anos sofre uma ocupação militar que longe de cumprir o papel de reconstrução do país, ajuda a manter o grau de exploração e submissão do povo haitiano frente ao imperialismo.


No dia que se completou 6 anos de ocupação militar do Haiti a ANEL saiu as ruas junto com a CSP-Conlutas para levantar a bandeira do povo haitiano contra a ocupação das tropas brasileiras no Haiti! Foram realizados atos em São Paulo e Rio de Janeiro, entre outras iniciativas pelo Brasil.


No Rio de Janeiro, foi realizada uma panfletagem na central do Brasil dialogando com a população sobre o papel que o Brasil vem cumprindo nesta ocupação militar. A ANEL também foi ao Itamaraty e, além de se reunir com os representantes da ONU no Brasil, protocolou o manifesto da ANEL pela imediata retirada das tropas. A assessoria de comunicação do Itamarati enviará o manifesto para os países que integram as Nações Unidas. Também participaram do encontro a CSP-Conlutas, MST, Jubileu Sul, MTL, que também entregaram uma carta à ONU assinada por vários movimentos sociais.


Em São Paulo, o ato reuiniu cerca de 150 pessoas contando com a participação da ANEL, CSP- Conlutas, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e diversos sindicatos. A partir da mobilização foi agendada uma reunião para sexta-feira (30/07) no consulado do Haiti de São Paulo.


Abaixo segue o manifesto que a ANEL protocolou:

Levantamos a bandeira do Haiti!


No dia 28 de julho, completam-se 95 anos da primeira ocupação militar promovida pelo exército norte americano no território haitiano. Essa ocupação era parte da ofensiva norte-americana para emergir como o império do mundo, o que passava por dominar econômica, política e militarmente as nações mais frágeis economicamente, sobretudo as que tinham o histórico de lutas como a República haitiana.


Também nos encontramos no 6° ano de ocupação Militar promovida pelas tropas da ONU no Haiti. Essa ação vem sendo ordenada pela ONU, sob chefia do Exército brasileiro, com a presença de tropas de diversos outros países, como Peru, Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guatemala, Paraguai, Uruguai, para citar apenas os latino-americanos. Após o terremoto ocorrido em 12 de janeiro de 2010, os EUA também enviaram mais tropas ao país.


A justificativa política que os governos desses países e a própria ONU apresentam é de que ela teria a missão de pacificar o país e conter as revoltas populares que ocorrem por lá. A ONU, o governo brasileiro e os diversos outros governos que enviam tropas ao Haiti só não revelam os motivos dessas revoltas e mobilizações. O fato específico que as geraram foi a intervenção norte americana sobre a definição eleitoral do povo haitiano nas eleições de 2001, em que os ianques sustentaram a posição política da oposição que não aceitava a eleição de Jean-Bertrand Aristide, um candidato ligado aos movimentos populares, que chegou inclusive a ser sequestrado por fuzileiros norte americanos.


O motivo histórico que proporcionou essa relação do imperialismo norte americano com as mobilizações no Haiti é exatamente o fato de o Haiti ser um país marcado por lutas heróicas. A conquista da independência do país se concretizou na primeira revolução vitoriosa de escravos do mundo. A República Negra se tornou motivo de precaução para as oligarquias de outras colônias que também construíam suas riquezas explorando o trabalho escravo da população negra.


O motivo econômico que explica a intervenção militar está vinculado ao motivo histórico. A intervenção militar em 1915 e as intervenções subseqüentes combinadas com o apoio a governos ditatoriais da minoria mestiça estiveram a serviço de transformar o Haiti em um quintal das empresas norte-americanas, aonde elas poderiam lucrar através da super exploração do povo pobre e negro do país. Dessa forma, hoje o Haiti é um país absolutamente dominado economicamente pelos EUA, contando com 89% das importações deste país e com 65% das exportações também para este país. O resto das relações econômicas também se dá sobre a base de muita exploração de empresas multinacionais de vários países.Diferente do que se propagandeia, a ocupação militar da Minustah (nomenclatura da “ação de paz” da ONU) vem promovendo mais miséria e mais repressão sobre as mobilizações dos trabalhadores haitianos, isso sem falar das denúncias de casos de violência sexual dos soldados sobre mulheres haitianas.


As conseqüências do terremoto ocorrido no país foram desastrosas. Mais de 200 mil mortos e mais de 1 milhão de desabrigados. Números de guerras. Pouco depois deste terremoto vimos ocorrer um terremoto muito mais forte no Chile que matou cerca de 500 pessoas. As diferenças nos números revelam que as conseqüências do terremoto foram agravadas pelo caos social no país. O que fizeram as tropas durante os 6 anos que estão instaladas no país? Serviram apenas para evitar mobilizações e greves dos trabalhadores e jovens haitianos e abrir caminho para a instalação de empresas multinacionais, que vêem no Haiti um território propício para a superexploração.


Após o acontecimento do terremoto, os governos dos EUA e do Brasil, junto com a ONU ampliaram suas justificativas não apenas para manter as tropas, como para ampliar a presença de soldados em território haitiano. O grande argumento era de que para garantir a reconstrução do país, era necessários mais soldados. Ocorre que já se completaram 6 meses do terremoto e ainda não houve nenhuma reconstrução do país, os alojamentos seguem ocupados por milhares de famílias, que vivem em barracas e o sistema de saneamento básico ainda não foi reconstruído, o que promove uma permanente situação de calamidade pública.


O movimento estudantil haitiano, junto a alguns professores vem desenvolvendo uma importante resistência à presença das tropas. Essas manifestações foram e seguem sendo muito importante para ampliar a resistência pro conjunto da classe trabalhadora haitiana. A força dessa resistência já foi percebida pelo exército brasileiro, que reprime com muita força as manifestações que ocorrem. Em janeiro de 2010, o professor Jean Anil Louis-Juste foi assassinado durante uma manifestação em Porto Príncipe, este professor organizava muitas greves e a resistência contra a presença das tropas no país.


Queremos, com este manifesto, não apenas expressar nossa solidariedade, mas, sobretudo dizer que levantamos a bandeira do Haiti contra a bandeira brasileira. Estamos contra as bandeiras de qualquer país que envia tropas para reprimir e explorar o povo haitiano. Somos irmãos da classe trabalhadora e da juventude haitiana, porque esse lado expressa a luta contra o imperialismo, contra a superexploração das multinacionais, a luta pela autodeterminação dos povos e a luta por uma sociedade mais justa e igualitária.


Queremos também nos dirigir particularmente aos estudantes haitianos, que através de muitas mobilizações vêm mostrando a capacidade da juventude de se aliar ao programa de luta da classe trabalhadora, e de contribuir para um enfrentamento brutal com o imperialismo ianque e seus aliados. Estamos construindo a partir da experiência de um grupo de pesquisadores de uma Universidade aqui do Brasil um projeto de intercâmbio para trazer estudantes haitianos para o Brasil, para estudarem nas universidades brasileiras e estabelecer laços com o movimento social brasileiro, pois é uma forma de avançar na resistência e na luta que heroicamente é construída pelos trabalhadores e jovens haitianos.